24 agosto 2009

Terras de Gabriel

Aos que aqui se hospedam, convido-os para povoarem também as TERRAS DE GABRIEL da poeta Maeles Geisler.

22 agosto 2009

Tragédias breves e anônimas V

1
O cinema no centro da cidade. Cartazes velhos.
Lá dentro pode ser o homem que não deve ser.
Alguém se ajoelha a sua frente, reza gostoso o pecador.
Quando sai o sol avermelha um pouco mais a culpa.

2
A boca ainda úmida do último esperma.
Seis horas dentro do cinema.
Com fome ainda, João espreita, escolhe, ajoelha e continua sua oração, sua ração diária.

19 agosto 2009

Tragédias breves e anônimas IV


Enterrou a esposa no fundo do quintal há dois anos. Colheu ontem as primeiras tangerinas. Admirou-se com a doçura. A natureza é mesmo estranha, como pode dar tangerinas tão doces quando o adubo era de uma azedume só?

14 agosto 2009

Tragédias breves e anônimas III

Pela fresta da porta: a nudez.
- Pai gosta tanto de mim, né mãe?

05 agosto 2009

Inspirado em fatos reais 2

nesta manhã
tudo apareceu azul
na minha vida-jacaré

eu tão acostumado a cinzas
e demais escuros sem ordem

enfeitei-me
azulescente

e agradeci
por uma morte tão linda



eis a triste inspiração

Capítulo VIII

tudo se verdiferencia
ao amanhecer

a mãe antes de retirar a água do poço
olha a si mesma lá embaixo

desmanchada imagem de mulher
culpa desordem calafrio

joga o balde
puxa a água
bebe a largos goles

Olha ao redor
o filho ajoelhado diante dos porcos

é Deus pródigo pedindo perdão