Pareciam assustados. Estavam - para sempre - presos num estranho retrato pintado à mão.
Eram onze. Sóbrios demais para quem viveu num passado em constante desafago.
Havia mais uma, mas ela chegou atrasada para o retrato. Ficou de fora feito nuvem que chega depois da chuva. Feito peixe que escapa da tarrafa e vê seus irmãos serem sequestrados do mar.
A última deles, talvez se chamasse Inácia ou Luciana, ficou para sempre presa fora da moldura.
"Sou um homem comum, qualquer um, enganando entre a dor e o prazer. Hei de viver e morrer
como um homem comum, mas o meu coração de poeta projeta-me em tal solidão, que às vezes assisto a guerras e festas imensas, sei voar e tenho as fibras tensas e sou um. Ninguém é comum e eu sou ninguém."
C. Veloso