eu vi o futuro
de um lado um escritor com quatro dedos
lendo seu (meu) texto sem vírgulas e repleto de bucetas - (conchas, me disse depois um uruguaio)
de outro lado,
a pavonice dos teóricos e seus discursos pós ex pré
sufixados nas filosofias, arremessado que são (que somos) nos desvãos do discurso
hoje eu vi o futuro
de um lado a carnação caótica de um fodam-se vocês que me ouvem, eu sou escritor, eu posso vir aqui e falar as maiores inutilidades, eu posso não ter fundamento, eu tenho um texto e tenho só quatro dedos e sou publicitário e sou premiado e sou filho de escritor e sou um inferno nessa sua arrogância bem nascida
de outro
o riso amarelo dos que sabem ler, dos que sabem remexer avessos nos textos, mas jamais poderão ligar o foda-se sem que seus pares os condenem ao limbo da ingenuidade.
Nesse futuro que hoje eu vi, meu corpo era dois, duplo vórtice de um eu esmigalhado, proibido, calado à força.
Meu futuro transitou em 2 frentes, 2 pontes e eu no meio, no médio, sendo um e outro.
descendo
grau a grau
a escala dos inúteis
meu futuro visto hoje é uma nuvem tangente.
Choverá?
ou se dissipará ao primeiro sol mais forte?