Ontem matei meus rinocerontes. Eu os possuía desde menino. Cresci. Eles também. Adultos, nos olhávamos feito inimigos.
Eu disse: olha, fomos amigos de infância, meu pai me deu vocês de presente, crescemos juntos, por que esta fúria?
Eles disseram: nada compensa nossa perda, nada compensa estes chifres curvos, esta pele enrugada, este nome difuso que temos. A sorte nos encaminhou para ti. Matamos a sorte há muito tempo. Nunca percebeste, não é? por isso te odiamos. Somos frágeis, é bem possivel que estas palavras irão nos matar. Não faz mal. Pela primeira vez tivemos escolha.
Eu é que não tive escolha.
® Rubens da Cunha