29 agosto 2007

Gloria


vento

acalanto



tempo de proferir destinos

a palavra fere

lâmina na lama



pele sendo futura cicatriz



hoje

reconheço escombros



gloria ao Pai por tal sabedoria






Rubens da Cunha

Ilustração: Isabel Rolim


15 agosto 2007

Caixa de Carne

o mundo lá fora exigindo minha voz

a essência que me permeia fica quieta
tempos de inverno


sobrevivo olhando a fronte de alguns
à frente de mim mesmo

sou homem de recursos escassos
sei pouco daquilo que emprenha
as vítimas de minha sedução

quase mês sem gritar
quase mês sem soletrar a dor

por isso escamo feito peixe
caixa de carne triste
azedumes contemporâneos

ainda restam gemidos

- melhor -

ganidos palavrosos
deste seu cachorro sem escolhas


Rubens da Cunha