16 fevereiro 2010

Retina de Arame

Ana quer meu relato
meu ato de sangue
meu casto incenso

Ana quer defumar-me
feito porco
em tiras, em postas
em respostas que não posso dar

pois Ana fantasma-se há anos em mim
suas palavras chilenas
seu nome completo
Ana Maria Fuenzalida

lidam com minhas fraquezas
meus silêncios impuros

lamento tanto esse muro
esse Andes de carne que faz de Ana
algo maior do que posso ver

talvez tudo isso
seja um tanto de distância
um tanto de desgosto perfurando
minha retina de arame

Ana talvez nada seja
além de um pássaro sobrevoando o Pacífico

além de uma mulher pedindo meu relato
o obtendo apenas
o meu pouco poema