Nádia, nua sob eucaliptos,
tenta ler os poemas de amor
que ganhou na noite anterior.
Antes de desdobrar as folhas amassadas,
os seus olhos são cobertos por abelhas.
Nádia, nua e teimosa,
insiste na tentativa de ler.
Esquiva-se e nem se percebe colméia futura.
Três dias depois, vestida de abelha,
Nádia não tem mais olhos, mãos,
língua de ler poemas.
Toda mel e asa, apenas imagina
um possível verso escrito por seu amado:
"bolha de sabão derrota o silêncio"
6 comentários:
extraordinário, Rubens, poesia que pode muito bem ser um miniconto tamanha a riqueza de seu conteúdo/história. para ser guardado. grande e fraterno abraço.
Vinda do Eremitério,
passei para te conhecer.
Boas metáforas!
Bjs
lindo Rubens, uma das melhores coisas que já li por aqui.
amei o formato. me lembrou o do meu poema "Sozinha entre os pés de maracujá", lá do comecinho do conto de fraldas...
abraçon
lindo mesmo o meu poema ou o seu?! kkkk
sabia que o Andes tem um dedo seu? eu tava andando pelo seu blog e li um texto de forma errada, começava mais ou menos assim: "são andróginos os minutos que passo diante do espelho."
eu li "andinos", aí escorregou o Andes!
abraçon
Passeio pelo poema me imaginanando Nádia, sendo abelha, sendo mel...
essência de vida que vive em todo o Ser.
Um abraço
Simbiótica, Nádia-Abelha deve jorrar mel... hehehe. Nem precisa mais um parabéns. Tá muito show!!! Abraço.
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