Natural de Tubarão/SC, formou-se em Filosofia Pura pela PUC, de Porto Alegre, mas residiu muitos anos em Blumenau, onde sempre sentiu-se em casa. A dedicação à poesia só aconteceu na década de 70, após a aposentadoria no serviço público federal.
Martinho Bruning se especializou neste mistério que é este poema de origem oriental.
Publicou diversos livros, buscando sempre a harmonia, a simplicidade, a poesia delicada dos hai kais. Nasceu em 1921 e faleceu em 1998. Dizia: "um hai-kai deve ter no máximo 17 sílabas para fundar-se como obra de arte literária concisa; mais que isso perde a essência oriental..."
Do livro: Hai kais Escolhidos - Edição do Autor
A paz dos jardins
ao sol... Mínimo rumor
de pétalas e asas.
.
São os elegantes
quero-queros. A rigor.
Sempre vigilantes.
.
Por cima do muro
o espanto dos girassois
diante do mundo.
.
Arranjo de flores,
minhas mãos toscas e trêmulas...
Difícil o acordo.
.
No colo do pai
a menina ergue a mãozinha,
a lua tão próxima...
.
Negócios demais.
Fito as montanhas e o céu
- irrepreensíveis.
.
A tarde sombria,
o plátano outonal
é um resto de sol.
.
Vaga enorme noite,
só, o coração galopa
em nenhuma estrada.
.
Toco num rochedo:
sensação de estar tocando
em antigos rostos.
.
Duas, três palavras,
melhor, nenhuma palavra:
os pássaros cantam.
10 setembro 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Gostei muito do dos girassóis e também do do rochedo.
Ainda que não seja muito fã disto, tem alguns que são bonitos.
:-D
Ótimo!
E obrigada pela visita! Abs.
Martinho:
nojinho
do teu trabalhinho.
(olha, menos de dezessete sílabas! fiz uma obra de arte literária concisa!)
obrigado Brasil!!
Ele era pura sensibilidade!
Postar um comentário