28 janeiro 2012

os dentes afiam-se na carne
fiam-se - brancos e imaturos -
nos esconjuros perdidos da memória

os dedos adentram a pélvis
entre um grito e outro
o ouro do gozo
afrontando
o parco pouso do pecado

a língua

- que conhece a parte de trás dos dentes e dos dedos-

também repasta-se nas
finas salivas debaixo




6 comentários:

Cássio Amaral disse...

Mandou bem nos dois poemas. Sade sede cede... Você está nos devendo uma visita. Abraços.

Elimacuxi disse...

Inspirador. Um poema carnal, cru, sensual. Gosto da estratégia que usastes de remeter às partes e daí ao todo, num crescente.
E "o ouro do gozo afrontando o parco pouso do pecado" é uma deliciosa definição de clímax, que se torna, inclusive, o clímax do poema.
Um abraço Rubens,
obrigada por partilhar teu talento com a gente...

Daros disse...

Muito bom! (como sempre digo)

jorge vicente disse...

Você é dos grandes poetas do Brasil neste momento, amigo! Muitos abraços de terras lusitanas

Jorge

Mara faturi disse...

Pah Rubens..meu poema de hj é um pouco "gêmeo " do teu!!
Como é bom te ler!!!!
saudades eu tinha!!!
Bjo

Mara faturi disse...

Ahh e concordo com o Jorge Vicente;))
Vc é demais menino;))