24 junho 2008

Inhoçara

Teu segredo é coceira
nas costas de quem te carrega.

És madeira para caibros,
para mangueiras e currais.
Aprisionas bem bois e porcos.

Isso és quando te deitam
fora da capoeira.
Antes, te fazes
casa de sabiás e sanhaços.

Na tapeçaria de tuas folhas
ávidos marimbondos
fornicam, vivem, morrem.

És frágil frente à tucaneira,
o cedro, o garapuvu.

Apenas o teu nome
te defende: Inhoçara.



P.S.
Nas terras de meu pai há uma árvore muito comum.
Ele sempre a chamou de Inhoçara.
O oráculo Google diz que não existe tal nome.
Acredito mais em meu pai.

6 comentários:

Anônimo disse...

nossa, que poema lindo.
vou passar mais por aqui!

ps: O Enzo comentou das tuas crônicas.

um beijo!

Eustáquio Braga [Thackyn] disse...

Rubens:

Também adorei a leitura, pois como um pretenso aprendiz de filológo gosto de vasculhar as palavras e os significados. Viajei no universo do sujeito poético também na seqüência - a nudez e continuo a leitura...

Obrigado pela visita e deixo-te o meu e-mail: thackyn@yahoo.com.br

Um grande abraço do amigo

Eustáquio Braga [Thackyn]

isabel mendes ferreira disse...

frágil e forte....


fortísssimo.






abraço.

ítalo puccini disse...

melhor defesa impossível.

o nome.

a palavra.

a força.

Anônimo disse...

O que mais me agradou foi: confio mais em meu pai... Coisa mais linda!
E o google não é nada infalível, antes pelo contrário. Como nós...
beijinho,
Regina

Anônimo disse...

Gostei muito do poema e é tão bela a palavra, tão sonora...
"inhoçara"
merecia ser título de livro,
nome de mulher...
Voce é muito fecundo e consegue
fazer poesia para todo o gosto.
Fatima.