Ontem matei meus rinocerontes. Eu os possuía desde menino. Cresci. Eles também. Adultos, nos olhávamos feito inimigos.
Eu disse: olha, fomos amigos de infância, meu pai me deu vocês de presente, crescemos juntos, por que esta fúria?
Eles disseram: nada compensa nossa perda, nada compensa estes chifres curvos, esta pele enrugada, este nome difuso que temos. A sorte nos encaminhou para ti. Matamos a sorte há muito tempo. Nunca percebeste, não é? por isso te odiamos. Somos frágeis, é bem possivel que estas palavras irão nos matar. Não faz mal. Pela primeira vez tivemos escolha.
Eu é que não tive escolha.
® Rubens da Cunha
7 comentários:
Ainda alimento rinocerontes em mim. Não posso bobear um instante. Você deve saber como é...
abraço grande,
Í.ta**
PS: dá uma passada no blog, tem coisa pra vc lá.
Rubens, meu camarada! Metáfora intrigante essa tua. Me fez imaginar tanta coisa, andar por tantos caminhos e desfiladeiros, tentando aproximar os seus paquidermes dos meus! Papel da poesia está nisso, não? Desapertar o leitor para o desconhecido, para a reflexão! Sobre isso, eu não tive escolha, fui logo me indagando sobre esses bichos crescendo conosco, nos odiando... E por fim, uma pechincha de 5,00 $ como essa do Octavio Paz é imperdível! Poxa, que sorte! Abraços para ti!
há animeis selvagens em mim também... mas por vezes eu me recuso a falar com eles... ou penso que...
um beijo moço sumido que me deixa boquiaberta com as escritas afiadas...
Olá Rubens!
Meu nome é Enzo, sou poeta aqui de Itajaí, tava fazendo uma pesquisa por "Fernando Karl" no google e acabei caindo num post antigo do seu blog.
Eu fiz a Oficina da Palavra dele em 1998 aqui, e depois nunca mais tive contato.
Eu queria mandar um mail pra vc, saber se vc ainda mantém contato com ele, sua relação com a poesia, se vc declama, o que vc já publicou talvez.
Por incrível que pareça este mês estou dando a Oficina da Palavra "Cidade-rio" aqui num sebo de Itajaí. Ta sendo ma-ra-vi-lho-so. Koans, tankas, listas de mil palavras, tudo criado por mim, com muita cara de pau, saudade, e desejo de brisa em novos bizâncios; coisas que Fernando plantou e nem imagina que estão acontecendo por aí.
ó! mail e msn:
makatradafaya@hotmail.com
e namastê!!
Rubens; as feras que existem dentro de nós...muitas vezes a perseguimos...e não a deixamos em paz!!!
Abraços bem carinhosos de bom fim de semana pra vc.
Oi Rubinho, voltei e dessa vez é pra ficar. abraços
http://esquinasdemarmore.blogspot.com/
Tiago Furlan Lemos
esse texto é extremamente metafórico e extremamente forte. até hoje eu me pergunto o que foram esses rinocerontes, céus...
arrasou
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