26 junho 2006
Romântico

amar alto
só me coube
num passado distante
quando eu era outro
o amor vInha da noite
trazia-me lágrimas e subornos
armava campanas em mim
eu sabia e deixava
® Rubens da Cunha
Ilustração: Germán Caporale
23 junho 2006
20 junho 2006
16 junho 2006
breve desesperanaça
é tempo de planger
de planar entre correntes de ar e dor
é tempo de desesperar
de nunca cortejar as intenções
de poetas crianças e anjos
de planar entre correntes de ar e dor
é tempo de desesperar
de nunca cortejar as intenções
de poetas crianças e anjos
13 junho 2006
Fora
06 junho 2006
O ódio - 4 Casas
Casa 4
Aquele homem queria dos seus algozes mais que a surpresa nua do crucifixo, mais que a voz das mandíbulas bramindo ao sobrevôo de lástimas e caos. Caminhante de gólgotas, ele queria a cegueira por escolha, queria a visão de templos profanados na memória. Ressurrecto, não esqueceu dos pródigos no vento das parábolas, mas nada sabe do ódio que anda sobre quem salmodia tradições e não carrega a metade da cruz além do grito: “Elias, por que me deste o recomeço?”
Casa 3
O filho degredou-se por quarenta noites. Buscava os bálsamos do pai. Encontrou entre misérias e luxúrias o outro há muito sonhado. Não o pai, o outro que fora irmão nos campos idos do gênesis. Andavam em saudades os dois. Se houve mesuras, não se sabe. Soube-se apenas do ódio (construtor de interrogações em desespero) e do filho, que frágil, recusou-se humano, porque assim estava escrito: “Nas estâncias de Deus, somente aquele que despir-se do abismo perdoará a fome sem resposta dos incautos”.
Casa 2
Nas terras da Judéia, uma pecadora foi quase lapidada por deitar-se com a dobrez dos homens. Antes que sua morte começasse levaram-na aos olhos do Messias: “Mestre, a esta mulher confiamos nosso segredo: somos César, quando dentro de seu ventre guerreamos com as ventas do poder. Ela agora nos trai, pois se recusa ao fingimento que nos salva.” O Messias apenas disse: “A vossa salvação estava no ódio que percorreu cada esgar desta mulher. Os que foram salvos, podem matá-la”.
Casa 1
O Hebreu Eliaquim chegou cansado em casa. Comerciava a fé em jaulas no templo da cidade. Vendia bem esses animais invisíveis, fáceis de fuga, mesmo que domesticados. Mas naquela manhã, um certo filho de Deus atravessou em ódio o templo gritando escritos que Eliaquim já não lembrava mais: “A casa de meu pai não será palco de ladrões. Os que aprisionam a fé serão expulsos do banquete final”. Eliaquim vendo seus animais livres, não verteu lágrima. Amanhã os caçaria novamente.
Nas terras da Judéia, uma pecadora foi quase lapidada por deitar-se com a dobrez dos homens. Antes que sua morte começasse levaram-na aos olhos do Messias: “Mestre, a esta mulher confiamos nosso segredo: somos César, quando dentro de seu ventre guerreamos com as ventas do poder. Ela agora nos trai, pois se recusa ao fingimento que nos salva.” O Messias apenas disse: “A vossa salvação estava no ódio que percorreu cada esgar desta mulher. Os que foram salvos, podem matá-la”.
Casa 1
O Hebreu Eliaquim chegou cansado em casa. Comerciava a fé em jaulas no templo da cidade. Vendia bem esses animais invisíveis, fáceis de fuga, mesmo que domesticados. Mas naquela manhã, um certo filho de Deus atravessou em ódio o templo gritando escritos que Eliaquim já não lembrava mais: “A casa de meu pai não será palco de ladrões. Os que aprisionam a fé serão expulsos do banquete final”. Eliaquim vendo seus animais livres, não verteu lágrima. Amanhã os caçaria novamente.
® Rubens da Cunha
02 junho 2006
Instruções
clausura e sigilo
a febre se aprende pela seda
remontar a voz no vidro da boca
esperar a culatra do coice
ventar-se cais e escureza
ter o que perder
a febre se aprende pela seda
remontar a voz no vidro da boca
esperar a culatra do coice
ventar-se cais e escureza
ter o que perder
® Rubens da Cunha
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