19 maio 2010

Ciúme

O rosto do ciúme foi moldado

em escuridão, víbora e ofensa.

Não existe artesão capaz de criar

tal espécie de ordem: tão escudo,

tão cristal, tão imersa nos fantasmas

da beleza, tão pressa ou precipício.

Deter-se neste rosto: remoer-se

como se fosse carne nos açougues.

Atar-se ao pescoço da discórdia:

corda intumescida no desprezo

de todo o tempo ser quase inocente,

quase sempre débil nos levantes

que o amor orquestra, antes de morrer

no exílio infalível do esquecimento.

11 comentários:

Anônimo disse...

"... antes de morrer
no exílio infalível do esquecimento."
Gostei!

Bah, senti falta daqui.

Elimacuxi disse...

Rubens
Esse poema é mesmo ciumento, um soco
lúcido e emocionado.
Se me permite uma sugestão,
retire o "se" do oitavo verso,
me parece que a sonoridade se aprimora.
Que achas?
Um abraço de tua agora assídua leitora

Jacinta Dantas disse...

Falar assim, em versos, de um sentimento que se ressente, a mim proporciona uma nova reflexão sobre o ciúme.
Eita que a poesia atinge certo o coração.
Um abraço

Protesto disse...

ótimo poema.

Cláudio B. Carlos disse...

Amigo!

Belíssimo poema.

P.S: Tenho medo de gostar, hehehe.

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Rubens, o ciúme é a música do desvalidos e desafinados.

Por falar em desvalidos, desafinados e em ciúme, foi descoberto o ponto G. Confere lá no O Cubancheiro.
abçs
Hélio

Adriana Riess Karnal disse...

gostei muito de sua poesia...

M. Lodgard disse...

hospedei também, quando for para são bento me avisa, ok? tentarei trocar uma ideia la. abraço

Marcela Arôxa disse...

Uma poesia maravilhosa, como um alquimista em êxtase, ao descobrir como transformar chumbo em ouro. Parabéns!
http://euversuseumesmablog.blogspot.com/

Maurélio disse...

"O rosto do ciúme foi moldado na escuridão". O ciúme é o terrível monstro que apossando-se das almas inseguras, as tortura, debilita, massacra e as fez perder a razão.
Belíssima poesia.
Abraços

Rafael Castellar das Neves disse...

Caramba....que coisa!! Muito bom...gostei muito!!

[]sss