29 novembro 2009

Uma vida em 13 degraus - segundo degrau

Os pelos vieram. No entreaspernas Ele quase não cresceu. Passei a investigar os dos vizinhos, todos eram grandes, marrons, robustos na forma e na cor. Mas o meu não, o meu murchou-se em dobras feias, em muita pele e pouco corpo. Se Ele tivesse crescido à medida de minha inveja. Mas não, Ele ficou lá, esturricado, diminuto, brancoazedo, cruz que carreguei sempre. Degraus acima. Nesse tempo, tomei gosto pelos sapos, cobras cegas, mussuns, filhotes de passarinho. Tinham sangue, esperneavam, mas não emitiam sons quando morriam, quer dizer, menos os passarinhos, para evitar que piassem eu os entupia primeiro com areia, depois lhes abria um pequeno corte na barriga e via o sangue escorrer. Era bom. Nesse degrau eu aprendi a matar e a esporrar silenciosamente.

2 comentários:

Ricardo Valente disse...

tá bom também. quero ver o final (o treze)

Maeles Geisler disse...

Vou subir com vc esses degraus...

Obrigada! sua visita na terradegabriel é sempre uma alegria.
te adoro
saudades
Maeles