12 março 2009

Helga - a que se deixa




Amanheceu. Helga se deixou ir correnteza abaixo. Pernas e braços diluiram-se nas águas turvas do rio. A cabeça afundou até conhecer as funduras. O tronco boiou, virou peça de descanço para garças e biguás. A alma, dizem, foi pescada por uma nuvem.



Ilustração: Howardena Pindell

12 comentários:

Anônimo disse...

Helga se foi? Viajei - veja só - a primeira impressão na foto: flocos de aveia! Não seria descanso(?) Abração! Miniconto show, como sempre!

Mara faturi disse...

CARÍSSIMO,
SAUDADES DE VOCÊ;)
QUERO MINHA ALMA ASSIM FISGADA...
BJOS

Vâmvú disse...

Adorei a metáfora da cabeça afundada até as funduras e a alma pescada pela nuvem...
Lindo poema. Como sempre...
Abração

Dario Duarte disse...

Helga é como Ismália. Mas é mais legal, rs.

Fá menor disse...

Nós somos por vezes assim, quando nos afundamos e nos faltam forças para emergir... depois há sempre quem se aproveita... em vez de dar a mão.

Anônimo disse...

Lindo... me lembra o início do filme As Horas.

"pescada por uma nuvem"... quem dera todos sermos...

até

douglas D. disse...

emocionante.

Anônimo disse...

O que voce faz é lindo e sinto vontade de reler, reler, reler.

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Poeta, essa não era a Helga do Itajaí-Açú?

Anônimo disse...

aqui no interior de goias os biguas esperam os troncos boiarem para vir a descansar. chega a dar um stop na forma poetica.. um desprezar de cachoeiras

Lua em Libra disse...

Ah, as Helgas, meu querido. Pescadas por nuvem ou dobradas de dor de sino, debatem-se nas margens. No Rio dos Ameandros existem poucos remansos. A correnteza é urgência de troncos e limos e seixos e vida em turbilhão. Não há trégua, não há trégua.

Uma coisa, mocinho: como é bom te ler! (precisava dizer isso aqui, de público, ao menos uma vez.) abraço,

Contos Contidos disse...

Nossa que fabuloso...uma mistura de plástica e poética.
perfeito