03 março 2006

Hoje fiquei sem palavras. Busco-as na única escritora (entre homens e mulheres) que me silencia. A Hilda Hilst, minha fidelidade e obsessão eterna.

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?


Hilda Hilst
(Da Noite - 1992)

7 comentários:

Anônimo disse...

Vida da minha alma:

Um dia nossas sombras

Serão lagos, águas

Beirando antiqüíssimos telhados.

De argila e luz

Fosforescentes, magos,

Um tempo no depois

Seremos um só corpo adolescente.

Eu estarei em ti

Transfixiada. Em mim

Teu corpo. Duas almas

Nômades, perenes

Texturadas de mútua sedução.

Kimu disse...

SILÊNCIO.
BJOS.

# disse...

vejo que compartilhamos a adoração por esta poetisa...beijus

Anônimo disse...

eu amo este poema e ele cala...
um beijo

Anônimo disse...

um beijo, então.

Claudio Eugenio Luz disse...

Excelente escolha, meu caro! Conheci Hilda no final da década de 90, quando de uma entrevista cedida para uma revista literaria daqui do Grande Abc. Que mulher!!

hábraços

claudio

por um fio disse...

Belissimo poema!