16 outubro 2012

a tarde


Para Soraia Salomão

lá fora os anus-brancos passeiam
sabem dos fios, do ocre da vida

dos outros pássaros menores
que transitam entre o trânsito

aqui, o sangue segue seus dentros
sabe das veias e artérias
velhas escoriações do tempo

aqui, o poeta acusa-se
em antro e preguiça

escamoteia-se enquanto foge para
os buracos da tarde

anus e poetas são perturbações mínimas
nos fios de alta-voltagem

são fragilidades que se esmiúçam
enquanto voam

6 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

São mesmo, estou certo disso.
Abraços!

Rosane Magaly Martins disse...

Fragilidades que voam.
Você é encantamento, dor e suavidade rude.
Amo vc

Anônimo disse...

ser poeta é mais difícil que eu pensava

Saul Melo disse...


Teus poemas são cavaleiros andantes, em desafio permanente aos
gigantes monstruosos da aridez, neste mundo carente de bons poetas.
Abraços!

pedro disse...

que bom estar por aqui outra vez, rubens... há tempos que não te lia e já o primeiro me encantou.
abraço

Mário disse...

ótimo poema, legal essa interação de dois em dois versos, estrofes curtas, parabéns, se possível dê uma divulgada no meu livro

https://www.clubedeautores.com.br/book/143079--Versos_da_Consciencia