Mãe e filho.
Animais nos seus lugares.
Cumprem as funções estabelecidas. Envelhecem.
A mulher, viúva, encarde-se.
O filho focinha os cantos da casa.
Já pareceu mais bonito aos olhos da mãe.
Agora que desponta em pêlos e catingas vindas pela idade
a mãe começa a preocupar-se:
Danado esse menino. Crescido assim, logo ganha mundo e me deixa sozinha. Tenho que fazer alguma coisa.
A mulher chora pelos cantos.
Ladainha dia após dia.
E Deus pai perdoai esse teu filho sozinho
e Deus pai dai a nós saída desse mundo
O filho engraça-se cada vez mais com os bichos.
Vem dormir menino.
Vou não. Hoje fico aqui com a égua e as galinhas.
30 maio 2009
23 maio 2009
Capítulo III
Mato adentro.
O homem perscruta o chão atrás de rastros, restos, vestígios que a porca tenha deixado.
Enquanto procura, também vai deixando seus vestígios para trás.
Uma passada mais forte amassando o arbusto.
O facão cortando os cipós, destruindo as bromélias.
Por um tempo ainda foi possível segui-lo.
Depois abandonou o facão, alguns restos de roupa ainda resistiram espetados nos galhos espinhentos dos pés de silva.
Depois mais nada foi visível.
A porca retornou no final do dia.
O homem perscruta o chão atrás de rastros, restos, vestígios que a porca tenha deixado.
Enquanto procura, também vai deixando seus vestígios para trás.
Uma passada mais forte amassando o arbusto.
O facão cortando os cipós, destruindo as bromélias.
Por um tempo ainda foi possível segui-lo.
Depois abandonou o facão, alguns restos de roupa ainda resistiram espetados nos galhos espinhentos dos pés de silva.
Depois mais nada foi visível.
A porca retornou no final do dia.
16 maio 2009
Capítulo II
Homem-mulher-filho: desenhos feitos de ferrugem e carvão.
Naqueles ermos: nada amanhece realmente.
O menino suga o peito minguado da mãe.
A esposa está com as carnes mais moles do que era o costume.
Desinchou.
Não busca mais Deus na sujeira.
É mãe agora.
O marido terá que inventar um novo desejo.
Lembra-se da porca que fugiu do curral.
As orelhas do filho lhe parecem estranhas, mais brancas que o corpo.
- Nosso filho tem um nariz tão bonito, olha! diz a mulher - diferente. As orelhas também. Nosso filho será homem de botar inveja nos outros por tanta beleza.
O marido sai. Precisa achar a porca fujona.
Naqueles ermos: nada amanhece realmente.
O menino suga o peito minguado da mãe.
A esposa está com as carnes mais moles do que era o costume.
Desinchou.
Não busca mais Deus na sujeira.
É mãe agora.
O marido terá que inventar um novo desejo.
Lembra-se da porca que fugiu do curral.
As orelhas do filho lhe parecem estranhas, mais brancas que o corpo.
- Nosso filho tem um nariz tão bonito, olha! diz a mulher - diferente. As orelhas também. Nosso filho será homem de botar inveja nos outros por tanta beleza.
O marido sai. Precisa achar a porca fujona.
13 maio 2009
Paraíso, ou o amor pode ser uma piada
Aninha se engraçou com o pedreiro Iso. Mãos fortes, pegadoras de tijolos e carnes fêmeas. À noite, toda a vizinhança pode ouvi-los. É um corre corre: ele dizendo eu vou te erguer feito parede perfeita; ela, rindo, geme, pede não pedindo: para Iso, para Iso...
08 maio 2009
Capítulo I
A casa pequena.
Ao fundo, uma coivara abandonada.
Deus está no pó, rezava a mãe desde que se soube grávida.
Nove meses sem limpar a casa.
Ao fundo, uma coivara abandonada.
Deus está no pó, rezava a mãe desde que se soube grávida.
Nove meses sem limpar a casa.

O marido, resignado, cuidava dos porcos.
Gritos.
Finalmente o chão seria varrido.
Nos confins de uma quinta-feira, a criança nasceu.
a série
Inauguro hoje uma série escrita num poema-conto. Os capítulos serão postados uma vez por semana. Conto com o olhar dos hóspedes habituais dessa casa.
02 maio 2009
Lulo Scroback - Por um Triz ( música de Gui - Rodrigo Pitta - Tchorta Boratto)
Acordei. Algo na memória. Era uma música. Há muito ouvida. Como tudo está preso na rede, eis a música que resgatei do meu passado.
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