04 maio 2006

Péricles Prade

Livro: Jaula Amorosa
1995

PROTEÇÃO

Entre as rãs de ontem
o parque se subleva

É Ursa Maior nos dedos
a galaxia se despindo

Vamos puxar as cordas
ou os laços de linho?

Protejei-me Sansao
que de cabelos não me basto
nas águas do desencanto


UM RETRATO

O rio e suas teias de vinho claro. Ninho
submerso de ametistas nas veias do suicida
Cão em chamas, os dedos estrelados
como tatuagem noturna

No alvo
o desenho de Maio
é fruto do sangue

Por que o lado esquerdo do Pão
agoniza? A fome no inferno é o alimento
dos insensatos

Faustus tem no bolso o retrato Dele. O perfil
de mármore voltado para o Sul, os olhos
e a esperança sobre a lousa, onde o giz
recomeça os dentes do Vampiro


® Péricles Prade

5 comentários:

Anônimo disse...

Rubens, que Fantástica esta poesia retrato !!
aproveito para lhe desejar um excelente final de semana. Beijos.Andréa Motta

Larissa Marques - LM@rq disse...

"o desenho de maio
é fruto do sangue"
Gostei disso, maio é meu mês, passei para ler mais...
Beijos!

Ricardo Mainieri disse...

Rubens :

Muito boa a poética do Péricles.
Um pleno domínio do ritmo e o uso de metáforas inusitadas, sem contar um certo trânsito pelos labirintos da Mitologia.
Pós-moderno, eu diria.

Abração.

Ricardo Mainieri

Anônimo disse...

Rubens, seu canto tem a força da vida. Brotam.

Anônimo disse...

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