07 fevereiro 2006

Gritos esmagam estômagos e paixões.
Profetas ofendidos.
Uns escravos amantes do fogo

Um disfarce-mulher
enlameia meus solados de chumbo.
Algum suor que me é de direito.
Ombros frios.

Eleições sob rifles.
Gelo nos cometas.
Barcos mortos no Egito.

Velhice antecipada.
Silêncio fazendo ninho nos olhos.
Pedra e caminho como no dizer daquele.

Eu sou dedos.
Riso-metade.
Totem de carne fácil.

Minto: dentro de um sexo-cofre bem guardado, nada existo.



® Rubens da Cunha


Poema feito a partir
da leitura incorreta
de uma frase no
blog de um dos meus
iguais na tragédia: Douglas

13 comentários:

Cristiano Nagel disse...

Dói!!! Dor.... Quem sabe com uma ANA dor passe? Esperança refestela o coração, dá forças... só assim caminhamos... abraços

isabel mendes ferreira disse...

Bom dia Rubens....(foi antes um "grito"de revolta e de cautela perante ataques repetidos de falsos piratas de blogues...!)e como sempre festejo a beleza sábia dos teus textos...

beijos.

Anônimo disse...

"Sou um o quê? Um quase tudo"(Clarice Lispector) se somos quase tudo, somos também o nada né?
um beijo

Lua em Libra disse...

Rubens

Quando o silêncio faz ninhos nos olhos, nada mais há que ser dito. Encerra-se aí e nesse vão de aninhar-se quietude também principia todo o poema.

Parabéns, adorei.

Anônimo disse...

Gosto muito do que e daforma como escreves...coloquei um link do seu blog no meu. Grande abraço

Conceição Paulino disse...

muito desconexo como a vida. Logo real na irrealidade. Bjs e bom restito de semana

Conceição Paulino disse...

muito desconexo como a vida. Logo real na irrealidade. Bjs e bom restito de semana

Claudio Eugenio Luz disse...

Rapaz,suas construções são profundas:Silêncio fazendo ninho nos olhos. Belo!
.
hábraços
.
claudio

Edilson Pantoja disse...

Oi, Rubens! Desculpe, ainda não tinha visto este seu comentário no Albergue. Pois é, para quem não está nos grandes centros é tudo mais difícil. Mas não impossível. Vivemos dias em que as distâncias já não são tão grandes quanto no passado. E acredito que a internet é, nesse novo contexto, um instrumento fundamental para a aproximação destas fronteiras. Rio e São Paulo são hoje, como no passado, O CENTRO da vida do país. São seu coração econômico e, por conseqüência, onde atividades culturais como a literatura encontram maior repercussão. As grandes editoras estão lá, a grande mídia, os eventos mais importantes, etc. Agora, penso que não é com a defesa de um regionalismo anacrônico que nos faremos notar. O mundo é outro. As questões são outras. E a a literatura contemporânea, independente do lugar de onde proceda, deve ver mais longe. O exótico do regional pelo regional já não tem mais vez. Como antes, me parece. Precisamos, além de primar pela qualidade do literário, procurar superar nossas fronteiras e, repito, a internet é um instrumento importantíssimo quanto ao último quesito. Bom, é isso.
Caro rubens, foi bom falar contigo. Volte sempre. Eu e o Albergue aguardamos sua próxima visita. Um Abraço!

douglas D. disse...

Dor-delírio que nos habita cada mínimo espaço. Dor-delírio que cresce, sem pressa. Faminta.
Muito, muito bom. Mesmo!

Kimu disse...

Poema-inteiro. Belo! Bjos.

Helena disse...

"Eleições sob rifles.
Gelo nos cometas.
Barcos mortos no Egito"

Barcos mortos por toda parte - naufragamos. Mas linda e poeticamente.

beijo,amado,

Helena

Lucimar Justino disse...

Rubens,

pois é, caramigo, às vezes da leitura torta de um poema nasce outro... somos alfaiates literários... isso não significa dizer que plagiamos. Quero dizer que a criatividade está em reinventar, em recriar. É assim que, feitos galos, vamos "tencendo a manhã" numa rede de sensibilidades e comoções.

Abraços!