03 novembro 2005

Filmes

Old Boy
De: Chanwook Park
A coragem tem um nome: Chanwook Park , o idealizador deste filme. Parte de uma trilogia sobre a vingança, Old Boy é o segundo e único lançado no Brasil. Resumo básico: homem é seqüestrado, fica em cativeiro durante 15 anos, é solto e parte para a vingança. Nesta busca, ele vai descobrindo o porquê de seu destino e vai desmoronando psicologicamente e fisicamente. Visualmente magnífico. O personagem principal é interpretado com sangue pelo ator Choi Min-sik. Um filme de impacto, mas nada artificial, o impacto vem da crueza, da veracidade com que a violência e o desespero se manifestam. Sem musiquinha embalando a emoção, sem redenção do herói, sem nenhum tipo de julgamente moral. Os EUA já estão programando a refilmagem, duvido que mantenham um centésimo da coragem de Chanwook Park. Nem David Fincher nos melhores dias de Seven teria condições de refilmar esta obra prima, ganhadora de Cannes em 2004. O expectador aqui é tratado como o polvo vivo devorado por Oh Dae-su, o homem-vítima desta história. Filme feito para torturar o cérebro.





O Segredo de Vera Drake
De: Mike Leigh
O que seria de Mike Leigh sem seus atores. Dono de um método especial de filmar, que constrói seus roteiros cena a cena com os atores, Mike Leigh já apresentou ao mundo intensos dramas humanos, o mais famoso deles é Segredos e Mentiras, que possui umas das mais memoráveis cenas do cinema. Mais ou menos 8 minutos de câmera parada em duas atrizes no auge da capacidade de interpretação. Bem, voltando a "Vera Drake", Mike Leigh joga seu filme sobre os ombros de Imelda Staunton, que o carrega com uma suavidade impressionate. Vera Drake é uma símpatica e solícita dona de casa que na década de 50 ajuda moças pobres a abortar. O tema polêmico tratado com naturalidade, um elenco afiado, tão natural que nunca parece que está encenando, (esta é uma das caracterísitcas do cinema de Leigh, parece que a câmera nunca está ali, tal a veracidade das atuações) fazem do filme um drama seguro, intenso, para chorar e refletir sobre a hipocrisia que é o aborto. Enquanto as pobres abortam da maneira mais perigosa, as ricas fazem de maneira segura nas melhores clínicas. Sem concessões, tem uma das melhores cenas finais que eu vi até hoje. Mais um filme para os fortes.
® Rubens da Cunha

Um comentário:

Leila Silva disse...

Rubens,

Um post seu que eu havia perdido na correria...foi ótimo eu ter andado por aqui hj, gosto muito do cinema de Leigh e outro dia alguém estava me falando sobre esse filme, ainda não o vi, depois de seu artigo vou ver correndo. Excelente.
Beijos
Leila