11 novembro 2009

ida e volta em três atos líricos


1
ouço a volta
a carne de pescoço
o osso buco

meu embargo nada faz
eu nado amargo no sangue

enquanto nossas bocas se cruzam
como se fossem cães, escadas,
ou venenosas bocas cristãs

2
arrependo-me de cada passo
de cada pastagem que me fiz

3
ouço a saída
herdo o dente agudo
a saliva
o sorriso malcriado

acrescento tudo
às minhas pernas domésticas
e caminho insone

cama adentro

calmo

até a próxima mentira
Ilustraçao: Alberto Giacometti

8 comentários:

maria disse...

passei e deixou um beijinho*

lisa disse...

Não há culpa nos caminhos
refazemos o percurso sempre
eis a vida.

belos versos

Maeles Geisler disse...

olhar de espectador
vencido.

aqui saudades suas.
Beijos
Maeles

Srta. Coisa disse...

e não é isso que fazemos quase e sempre?
beijo

Ricardo Valente disse...

Que bonito... (sem o ponto de exclamação, para não parecer surpresa... nem espanto)
Abração.

Cláudia disse...

complicado

ítalo puccini disse...

do carai...

matasse a pau, como sempre.

teus versos são de uma força encantadora.

abraços.

_vera_ disse...

muuito bom, para não variar