Sabe nada do mundo lá fora.
O teu pai sumiu nesse mato.
Ele nunca teve vontade de conhecer o outro lado. Às vezes fica em pé, bem no meio do roçado.
Gira em torno de si mesmo e observa tudo ao seu redor.
Nasceucresceu preso nessa jaula de montanhas.
Passa as mãos pelo nariz, nas orelhas. Ali queima alguma diferença.
Ô mãe, porque eu tenho essa cara de bicho?
Que cara de bicho, meu filho! onde já se viu isso?
Eu vi. Quando fui tirar água do poço. Lá embaixo não apareceu um homem.
Apareceu um bicho. E essa vontade que eu tenho de andar com as mãos no chão? E essa orelha pontuda? E esse agarramento que eu tenho com as crias aqui do sítio? Fala mãe, fala pra mim de quem eu sou filho?
17 junho 2009
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7 comentários:
que escrita! forte, essencial, rica. se um dia escrever parecido, serei feliz. obrigado, Rubens. meu abraço fraterno.
Muito bom, Rubens: Mistérios da meia noite e por aí vai, num relato forte, curto, bem ao estilo latino americano da escrita fantástica.
abçs
Eu gostei também, sim, e muito. Conta mais, conta?
Abraço, parceiro de tragédia
cara, fantástico!
que força tem tua escrita!
parabéns.
abraço grande.
Oi, pode continuar enviando, apenas quis saber pra fazer o mesmo com os que não são leitores do meu blog, agora já sei como se faz. Obrigada Estou acompanhando o seu conto...
um abraço,
Marisete zanon
Oi, pode continuar enviando, apenas quis saber pra fazer o mesmo com os que não são leitores do meu blog, agora já sei como se faz. Obrigada Estou acompanhando o seu conto...
um abraço,
Marisete zanon
gostei deste capítulo, muito interessante e rico.
;)
um abraço fraterno, seu novo leitor
\o/
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