Amanheceu. Helga se deixou ir correnteza abaixo. Pernas e braços diluiram-se nas águas turvas do rio. A cabeça afundou até conhecer as funduras. O tronco boiou, virou peça de descanço para garças e biguás. A alma, dizem, foi pescada por uma nuvem.
Ilustração: Howardena Pindell
12 comentários:
Helga se foi? Viajei - veja só - a primeira impressão na foto: flocos de aveia! Não seria descanso(?) Abração! Miniconto show, como sempre!
CARÍSSIMO,
SAUDADES DE VOCÊ;)
QUERO MINHA ALMA ASSIM FISGADA...
BJOS
Adorei a metáfora da cabeça afundada até as funduras e a alma pescada pela nuvem...
Lindo poema. Como sempre...
Abração
Helga é como Ismália. Mas é mais legal, rs.
Nós somos por vezes assim, quando nos afundamos e nos faltam forças para emergir... depois há sempre quem se aproveita... em vez de dar a mão.
Lindo... me lembra o início do filme As Horas.
"pescada por uma nuvem"... quem dera todos sermos...
até
emocionante.
O que voce faz é lindo e sinto vontade de reler, reler, reler.
Poeta, essa não era a Helga do Itajaí-Açú?
aqui no interior de goias os biguas esperam os troncos boiarem para vir a descansar. chega a dar um stop na forma poetica.. um desprezar de cachoeiras
Ah, as Helgas, meu querido. Pescadas por nuvem ou dobradas de dor de sino, debatem-se nas margens. No Rio dos Ameandros existem poucos remansos. A correnteza é urgência de troncos e limos e seixos e vida em turbilhão. Não há trégua, não há trégua.
Uma coisa, mocinho: como é bom te ler! (precisava dizer isso aqui, de público, ao menos uma vez.) abraço,
Nossa que fabuloso...uma mistura de plástica e poética.
perfeito
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