17 janeiro 2007

Doméstico Três

fotografias

o tempo fixoperdido

desbotado vestido de noiva
calça fora de moda
mar nunca mais visitado
rara visão dos avós ainda virgens

batizado do filho morto
aos dezoito anos
atropelamento
a foto que saiu no jornal
lona preta sobre o amontoado de carne
não está na parede
a morte concreta não se prega no concreto

apenas a morte-diarista
aquela que limpa o pó
tem emprego certo
no cárcere-memória
® Rubens da Cunha

9 comentários:

Lia Noronha disse...

Rubens; a relidade estampada nos jornais...viram poesia nas lembranças...quase sempre!!!Abraços mil!!!

Anônimo disse...

Como sempre, muito bom... Mas estou feliz para coisas tristes. Sabe como é. leitura é pessoalíssima.

Anônimo disse...

não sou boa de morte...beijo

douglas D. disse...

muito bom!
escrevi algo pra ti. passa lá no preces.

Anônimo disse...

aceito mortes.
o pó está espesso por dentro.

quase fico mudo. fora de casa.

até +

[jb]

Anônimo disse...

textos de boas reflexões e humor na dose certa, palavra e imagens em harmonia

Anônimo disse...

Mudei de cara, mas não de cabeça:
Agora é cara a cara!

Daniela Mendes de cara limpa!
[Cique aqui > http://livrariaobrasineditas.wordpress.com/]

ítalo puccini disse...

adorei isso aqui:
"a morte concreta não se prega no concreto

apenas a morte-diarista

aquela que limpa o pó

tem emprego certo
no cárcere-memória".

de uma sensibilidade única. característica sua, tanto em versos quanto em prosa.

grande abraço,
Í.ta**

H disse...

Estamos em uma fase "domésticos"... se puderes dá uma lida nos meus Domésticos Poéticos.

Abraço tua poesia com a minha
Hermes