Tenho almoçado borboletas.
Às margens de onde vivo, elas vermelhoenchem meu jardim.
Levo em leveza seus corpos à boca e mastigo e engulo e acabo com a fome.
Dizem que o ácido de suas asas corrompe o estômago.
Desacredito.
Ontem havia um grilo verdesujando meu almoço.
Retirei o intruso do prato e o lancei aos cães.
Destino de grilo é boca imunda.
Em boca humana, somente quem é silêncio pode entrar.
® Rubens da Cunha
10 comentários:
"Em boca humana, somente quem é silêncio pode entrar". - adorei!!
mas boca humana também é imunda..
abraços
Í.ta **
Meu caro Rubens, meu caro, essa serie promete; visto esse lindo poema. A parte sobre o intruso é uma passagem singular, pois, transborda sutilezas que poucas pessoas percebem.
hábraços
A minha "Borboleta":
Inexplicavelmente lenta qual
dirigível, surgia no alto desafogada
depois do «era uma vez».
Eu pensava um pensamento e
ligeiramente os olhos cerrava.
O mundo não tinha
ossos, e os lábios estremeciam-me muito brandos
no esquecimento do animal. Vejo ou
não vejo o pensamento porque ele a mim próprio pensava.
Hoje ainda lhe sinto a pele
no corpo aparente
sem jamais conhecer o antes de eu
o antes do «era uma vez».
® CSA
Abraços, aguardando o próximo.
e
como silêncio
mundo todo
sobre asas
num re-voar
sem artifícios
beleza pura. pura.
um beijo daqui.
lembrei duma frase...muito dita pelos vegetarianos(que eu infelizmente não sou: "somos o que comemos"...então que seja...
um beijo
Poeta,
mergulhei de cabeça nessa poesia multicolor-zoófila...
AP
Rubens: que maravilhosa viagem ao Universo da criação poética...adorei!
Abraços carinhoso e boa semana pra vc.
Me sinto lendo uma reinventura de Manoel. De qualidade. Abraço
Minha boca humana calou-se diante de tanta beleza! Lindo!
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