14 julho 2006

"aqui tens o que te pertence" mt 25,25

desfilo fêmea pelos salões da realeza
eles me têm em alta conta
dizem que minha virilha depilada é vacina
os nobres surdam
os nobres me olham compaixão
sabem dos meus escorregadios

faço tudo: do silêncio à mentira
gostam de mim porque
sou sei dizer manhã quando anoitece
sou sei dizer águia quando bem-te-vi.
lavo milagres
levo escolhas

aceno a cada um deles com o cerne das coisas
não é fácil
às vezes fujo
às vezes me encontram chorando
pela falta
pelos cantos

tanta doçura trazem
que amorteço
amordaço
e corpo vasilha
recebo o que mereço

7 comentários:

Anônimo disse...

Rubens, muito bom esse poema. Gostei muito do fim: o corpo vasilha, como um recipiente onde qualquer um pode por o que quiser -independente de tudo. É isso aí, camarada!

isabel mendes ferreira disse...

para dizer que o texto publicado no legendas está fantástico.

beijo.

Telma Scherer disse...

uau! forte. amei.

ananda disse...

Muito bom! ;) Bjs

Claudio Eugenio Luz disse...

"gostam de mim porque
sou sei dizer manhã quando anoitece"; eita, que quando cala fundo é porque tocou.

hábraços

Anônimo disse...

"aceno a cada um deles com o cerne das coisas
não é fácil
às vezes fujo
às vezes me encontram chorando
pela falta
pelos cantos"

aqui me encontrei. ^^
adorei!
Í.ta **

Anônimo disse...

Enjoyed a lot! »