A Pátria-Mãe tem me agradado muito ultimamente.
Luiz Miguel Nava me chamou atenção demasiado. Diz muito o que eu quero dizer, e da forma como preciso dizer.
Taí um poema do moço.
O TÍMPANO E A PUPILA
Num dos pratos o mar, no outro um rio, agora
que o tempo se desossa,
que as pedras
que piso se me enterram na memória e os caminhos
se me aguçam na alma como lâminas, o pão
molhado nas feridas,
o pão
ele próprio já também uma ferida, agora
que o tempo, que já tanto
compararam a um rio, mais
não é do que uma leve exsudação nos muros,
nas mãos, agora
que o céu se encrespa e que pedaços
de mundo arremessados
com toda a força aos olhos revolteiam
na treva antes de se extinguirem,
mais magro do que a neve
caminho, a alma aberta como uma ferida,
ao longo da memória, onde se fundem
o tímpano e a pupila.
Mais poemas aqui e aqui, na Revista Zunai,
Obrigado a Helena F. Monteiro, do blog Alicerces, que foi onde li pela primeira vez o Nava.
24 fevereiro 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Já tinha lido um poema dele. Concordo contigo. E assino embaixo. Bjos.
Postar um comentário