15 setembro 2005

Mais Bergman

Cenas de um Casamento
Ingmar Bergman

Johan:
Você quer saber em que consiste minha segurança? Vou lhe contar. Eu penso assim: a solidão é absoluta. É uma ilusão uma pessoa convencer-se de outra coisa. Tome consciência disso. E tente agiir em coerência com isso. Não espere nada, nada a não ser um inferno na terra. Se acontecer algo agradável, melhor. Não acredite nunca que você poderá quebrar a solidão. Ela é absoluta. Você poderá fazer poesia sobre a coexistência em vários planos, mas ainda assim será apenas poesia sobre religião, política, amor, arte e assim por diante. A solidão é total da mesma maneira. A ratoeira está na possibilidade de ela poder ser alguma vez dominada por uma miragem de coexistência. Esteja consciente que é uma ilusão. Assim, você não ficará decepcionada depois, quando tudo voltar ao seu normal. Uma pessoa tem de viver pelo instinto da solidão absoluta. Nessa altura, a pessoa deixa de lamentar-se, deixa de afligir-se. É aí que a pessoa, de fato, passa a sentir-se bastante segura e aprende a aceitar a falta de sentido da vida com certa satisfação. Com isso, não quero dizer que a pessoa se torne passiva. Acredito que se deve lutar o mais possível e o melhor possível. Por nenhuma outra razão a não ser a de que uma pessoa se sente melhor fazendo o seu melhor do que desistindo.
(...)
Marianne:
Você falou de solidão, esta tarde. Quer dizer, você falou de que a gente deve confessar que está só. Eu não acredito no seu evangelho de solitário. Eu acho que isso mé uma prova de fraqueza.

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