Livro: Os Faróis Invisíveis
Editora Massao Ohno
1980
CÍRCULO DE MIL VÍCIOS PROPÍCIOS
O vício é medula
de suposto sabor
A ele me devoto
com redes e salamandras
do sonho decapitado nas cisternas
resistindo sempre
quando os mistérios do céu da boca das aves
sufocam o anjo distraído com as penas do sul
Na quinta porta
os ossos lacrados pela pesta
Na quarta
o odor do vôo
em desalinho
Na terceira
as vestes de escama falsa
Na segunda
o santo próspero
e seus crimes
Na primeira
os olhos do guerreiro albino
O corpo desconhece a superfície
nas esferas limitadas pela dor
Não é o pássaro zangado
a versátil criatura
Nem balão veloz
suprido pelo canto
E anjo não se presta
a vôo tão luminoso
O corpo desconhece a dor
porque o brilho apodrece o manto
Nos fornos de tantas formas
refiz terra e sais
com as mãos de vários polvos
Criei o sonâmbulo
dos hemisférios vigentes
perseguindo a si próprio
círculo de mil vícios propícios
Cabeça oval/três antenas de cera
é o quanto basta
para mágicos redimidos
Volta-se o pião
seguindo o mesmo caminho
porque só assim vale a experiência
Tronco algum é mais belo
do que o de ouro
entre as costelas de estanho
oh meu servente caiado
sem falhas e ousadias
Membros todos os membros
sob as árvores musicais vizinhas
e no bolso das aranhas separadas
antiquíssimos espinhos deste mal
® Péricles Prade
18 maio 2006
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4 comentários:
é sempre bom vir aqui...palavras; imagens; sentimentos...
mt a correr passo para dizer.
extraordinário.
beijo.
é. a Isabel resumiu legal (mendes ferreira). Muita coisa pra dizer após muitos espantos. eu entendi o que vc disse por lá. agora me deixa babar o que vc reproduziu aqui.
um grande abraço
Ilidio
Que tocante a sua poesia...realmente o corpop perde toda a sua sabedoria...qdo entra no patamar da dor...
Obrigada pela visita ao meu Cotidiano.
Peço permissão pra te linkar por lá,ok?
Abraços carinhosos e boa noite de quinta-feira.
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