É manhã de uma quinta-feira qualquer na Praça Carlos Gomes.
Ela veste-se de azul.
O vestido cobre as pernas mas não o colo, nem os braços. O rosto sério investiga os passantes.
Fuma.
Lembra-se que lhe ensinaram a elegância do fumar.
As pernas cruzadas, a espinha ereta, a mão à altura do rosto, os dedos médio e indicador segurando o cigarro, levado lentamente à boca.
Traga a fumaça, deixa-a alguns instantes dentro do pulmão.
Solta a fumaça.
É seu jeito de dar algum sabor a essa manhã insossa.
29 outubro 2015
15 outubro 2015
Beirais
Andorinhas achegam-se a seus ninhos nos beirais da casa.
Os demais pássaros também estão ao derredor.
Estão felizes, pois uma ponta de sol apontou na manhã.
A cada rasante sobre a casa
cabe o verso, a sílaba, a certeza:
a primavera é uma verdade pronta nos olhos dos pássaros.
Os demais pássaros também estão ao derredor.
Estão felizes, pois uma ponta de sol apontou na manhã.
A cada rasante sobre a casa
cabe o verso, a sílaba, a certeza:
a primavera é uma verdade pronta nos olhos dos pássaros.
13 outubro 2015
Rotina
Na televisão, amados impossíveis sofrem seus desafortunamentos.
Fora da televisão, a vida possível segue sob a chuva e declama-se ora pueril, ora fêmea trágica.
Entre a televisão e a vida o poeta deita-se ao lado de cachorros e gatos que dormem alheios.
O poeta vasculha-se enquanto ouve um diálogo açucarado, um carro velho gritando seu gás carbônico, ou a poesia escapulindo-se para dentro do sono dos bichos.
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