Para Soraia Salomão
lá fora os anus-brancos passeiam
sabem dos fios, do ocre da vida
dos outros pássaros menores
que transitam entre o trânsito
aqui, o sangue segue seus dentros
sabe das veias e artérias
velhas escoriações do tempo
aqui, o poeta acusa-se
em antro e preguiça
escamoteia-se enquanto foge para
os buracos da tarde
anus e poetas são perturbações mínimas
nos fios de alta-voltagem
são fragilidades que se esmiúçam
enquanto voam