13 junho 2012




palavra, tua caixa de ressonância já não sonha tanto
por que?
por que sei dos teus clichês dentro daquela cuia?
aquela feita com catuto

palavra, por que nomeasses aquela falsa abóbora, aquela falsa melancia
com nome tão estranho?
por que te colocasses lá dentro e não aqui,
nos meus catutos de baixo e de cima?

palavra, minha irmã H já anda me assombrando
porco poeta que não me sei
corpo oco que não me tem

e nada dos teus reverbérios, aqueles que me faziam gozar atrás das árvores
lembra palavra, quando eu engolia tudo para não contar à mãe, à irmã, ao fantasma do pai

era tempo bom
quando tu não te escondias no catuto

mas sempre aqui, no estômago,
quando tu eras enzimada em mim

perdoa-me a loucura, a inutilidade
a falta de tato, mas nessa hora

o vômito é a tática do silêncio

Adeus, palavra...