16 novembro 2011

éguas e águas



nesse meu todo corpo
enfeixado de sodomas

sei dos alfinetes que deliram nos parques
sei das luzes baixas que acompanham bocas
sei dos vermífugos dados pela mãe

tá com bicha esse menino

se ela soubesse que a ordem ora pro nobis era outra

era outro o deus nas alturas
as hosanas nas alturas

sei ainda do escuro discurso
das éguas baias
da baixa água que circula o ventre

nada contém o destino
a mão fêmea e taciturna resvala-se reto a dentro
curva-se intestina e adormece solitária

imune a vermífugos, imune a coincidências e esperanças maternas

a mão fécula fezes fácil do destino não sonha:
insonha-se: acre e álacre




Imagem: Renné Magrite