Ana quer meu relato
meu ato de sangue
meu casto incenso
Ana quer defumar-me
feito porco
em tiras, em postas
em respostas que não posso dar
pois Ana fantasma-se há anos em mim
suas palavras chilenas
seu nome completo
Ana Maria Fuenzalida
lidam com minhas fraquezas
meus silêncios impuros
lamento tanto esse muro
esse Andes de carne que faz de Ana
algo maior do que posso ver
talvez tudo isso
seja um tanto de distância
um tanto de desgosto perfurando
minha retina de arame
Ana talvez nada seja
além de um pássaro sobrevoando o Pacífico
além de uma mulher pedindo meu relato
o obtendo apenas
o meu pouco poema
16 fevereiro 2010
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