24 novembro 2005

Fazer

Desusado, abuso os céus da noite caída. Um anjo pintado na parede. A verdade traça móveis e livros. Destroça-os. O que não li argumenta-se espera. Espúria conexão com o sonho. Nos rins, um álcool recém filtrado esmorece a oração. Raspo a pintura até chegar no osso. Era um anjo suicida e sem coragem, pediu que eu o matasse. Então, eu fiz a sua morte.
® Rubens da Cunha
Do Livro inédito "Casa de Paragens"

6 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

(que raiva....que bom...que bem "sentido" e revelado...que...)
bom dia. amei. abraço.

Claudio Eugenio Luz disse...

Noto que em seus textos as referencias religiosas estão sempre anunciadas. Como nesta narrativa, onde os anjos estão decaídos.

.
belas palavras, meu caro
.hábraços,claudio

Anônimo disse...

olhe lá...parece que há mais anjos pintados na parede...
um beijo

Anônimo disse...

"Raspo a pintura até chegar no osso"... estou quase sem pele já...

mto bom!
e o comentário da Valéria, então, rasteiro, um direto no queijo!

abraço
Íta.

Conceição Paulino disse...

há muitos anjos suicidas. Por aí se vão. perdidos em caminhos e descaminhos da vida. lindo este teu texto. Bj de luz

Cláudio B. Carlos disse...

Muito bom!